Paralisias
Paralisia de Bell não é AVC

Paralisia de Bell não é AVC

Paralisia facial de Bell é um problema comum em ambulatórios e, até mesmo, em setores de emergência, devido ao receio do paciente e seus familiares, de estar sofrendo um acidente vascular cerebral (AVC). A taxa de incidência da paralisia de Bell é de 20 a 40 casos em 100.000 pessoas por ano, e os sexos são igualmente afetados, com uma idade média de 40 anos. Existem alguns fatores de risco como diabetes mellitus e hipertensão, mas ainda com poucas evidências definitivas.

A paralisia facial periférica é caracterizada por fraqueza em um lado do rosto, afetando a boca e a testa daquele lado. O paciente não consegue enrugar a testa do lado acometido, não consegue fechar totalmente o olho, o sulco em cima do lábio (nasolabial) se apaga e ocorre um desvio da boca quando o paciente dá um sorriso. Os pacientes podem achar que comidas ou líquidos vazam do lado afetado da boca e que fica mais difícil de falar, também não conseguem mais assobiar. Em pacientes idosos com muitas rugas, pode-se notar que um lado da testa fica mais “liso”.

A paralisia acontece de forma espontânea e aguda, evoluindo em até 72h ou menos. Os sintomas são causados devido a paralisia do nervo facial que é responsável pela motricidade, pelo movimento, dos músculos da face. É chamada de paralisia facial periférica, pois acomete o nervo facial depois que ele saiu do cérebro. Quando nenhuma outra causa específica é encontrada, é chamada então de paralisia de Bell. O vírus do herpes simplex tipo 1 é, provavelmente, a causa da maioria dos casos desta paralisia.

Uma das diferenças da paralisia de Bell e de um  AVC, é que neste último, apenas o andar inferior da face é acometido, ou seja, a boca fica torta, mas a testa é poupada, o paciente consegue erguer as sobrancelhas normalmente. Essa paralisia facial que ocorre no AVC é chamada de paralisia facial central (pois acomete o cérebro). Outras diferenças são detalhes na história clínica e outros achados no exame neurológico de acometimento do sistema nervoso central.

O prognóstico é favorável para a maioria dos pacientes, particularmente aqueles com fraqueza facial leve ou moderada na apresentação. Até 85% dos pacientes com paralisia de Bell fazem uma recuperação completa dentro de um ano.

O tratamento é realizado com gotas lubrificantes durante o dia e uma pomada lubrificante durante a noite no olho do lado afetado, pois ocorre fraqueza do fechamento palpebral e há risco de lesão na córnea. O uso de corticosteroides é indicado o quanto antes, pois aumenta significativamente a probabilidade de recuperação.